O racismo ficou explícito com o governo Bolsonaro”, critica Ivaldo Paixão
O impacto agregado entre a questão racial e a pandemia pautou a nova edição do Quartas Trabalhistas
“O choque do coronavírus, na população negra, é enorme por descaso do governo genocida do Bolsonaro”, criticou o presidente nacional do Movimento Negro, Ivaldo Paixão, ao participar da nova edição do ‘Quartas Trabalhistas’, neste dia 15 de julho. Mediado pelo presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), Manoel Dias, o programa abordou a questão racial contemporânea e os impactos do Covid-19 com a contribuição do professor da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Sandro Correia.
“Vidas negras importam!” Assim, Paixão abriu a análise conjunta sobre números que refletem o processo de exclusão incidente na realidade brasileira há séculos, bem como o contexto conectado a problemas relevantes, que incluem o saneamento básico e o ensino público. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil reúne 10% dos contaminados pelo Covid-19 em todo mundo. Dos mais de 75 mil óbitos, cerca de 67% são negros.
“Quando se coloca um general da ativa no comando do Ministério da Saúde e é feito, complementarmente, um sistemático negacionismo da ciência, fica evidente a representação do extermínio da população mais vulnerável, com ênfase em nós, negros”, comentou.
“Após cem anos da gripe espanhola, voltamos a sofrer com uma doença que dizima as periferias. O governo trata essa questão como não prioritária, infelizmente. Por isso, temos que denunciar às autoridades internacionais, além de alertar o nosso povo para ter consciência”, acrescentou.
Para Sandro Correia, a realidade abordada pelo balanço da questão racial remete à forma de existência no desenvolvimento do país, principalmente diante da consideração das peculiaridades culturais, religiosas e ideológicas.
“Temos a questão da Fundação Palmares, onde o presidente chama os candomblecistas de terroristas. É a disfunção do estado no aprofundamento do racismo, da segregação”, critica o professor.
“A pandemia aprofundou esse problema da fragilidade da população negra no enfrentamento. Suas pautas são, historicamente, negadas pelo aparelho do Estado. Os negros fazem política na invisibilidade”, pondera, ao mostrar a esperança da renovação das forças combativas: “A morte de George Floyd, nos Estados Unidos, mostra que a luta racial está mais viva do que nunca.”
Legado pedetista
Ao indicar que o PDT apresenta uma facilidade para abordar a temática em função da história de formação da sigla, Paixão pontuou o legado de líderes trabalhistas, como Leonel Brizola, Abdias Nascimento, Edialeda do Nascimento e Carlos Alberto Caó.
“São referências mundiais que sempre estiveram na linha de frente. O partido não é só de teoria, pois mostra, na prática, a defesa das pautas do povo. Os governos Brizola, tanto no Rio Grande do Sul, quanto no Rio de Janeiro, marcaram o país na ampliação da visibilidade de diversas lideranças negras, bem como a abertura de espaços para discussões das causas raciais”, relatou.
“Diferentemente do que vemos no Bolsonaro, Brizola teve compromisso com o povo. Nós temos orgulho da nossa história, dos nossos heróis e das nossas conquistas”, completou.
Na exaltação do legado brizolista, Correia ratifica o descompasso expressivo das políticas de reparação, com fragilidades expostas nas estruturas públicas existentes na periferia e na falta de conexão dos serviços, como o saneamento básico e a educação.
“A destruição sistemática dos CIEPs é uma política para impedir o desenvolvimento da população negra. Falo também do ataque ao Sambódromo, também no Rio, que é uma ferramenta de visibilidade”, disse.
Confira o programa, na íntegra: