Christopher 2
Osvaldo Maneschy e Apio Gomes 
09/04/2019

Christopher Goulart foi o único neto que Jango conheceu, pouco antes de morrer. Nascido em Londres e registrado por seu pai, João Vicente Goulart, no consulado brasileiro, possui também a cidadania uruguaia – por parte de sua mãe, Zulma, que tinha 18 anos quando ele nasceu, um a menos que seu pai, João Vicente.

“Tenho, simbolicamente, Belchior no nome: homenagem que meu pai quis prestar a meu avô, que viajou para Inglaterra para me conhecer; me pegou no colo e tiraram uma foto – a única que tenho com ele. Dois meses depois do meu nascimento, ele morreu”, explica Christopher. “Diria que, desde o primeiro momento de vida, tive influência de meu avô, mesmo inconscientemente, porque tudo o que rodeou a minha vida, desde que nasci, me remeteu a ele e ao exílio que vivia”.

Segundo Christopher, com o tempo, com o amadurecimento e estudos, aprofundou seu conhecimento sobre a vida de seu avô; até porque advogou no processo que investigou a morte de Jango, em 2008, como possível vítima da Operação Condor – comandada pelas ditaduras de direita do cone Sul da América Latina, para eliminar fisicamente lideranças políticas latino-americanas de esquerda.

“Estudei muito sobre a vida de meu avô para entender os meandros da época – lendo o que se publicou, através de renomados escritores, sobre os acontecimentos – para poder atuar como advogado e, eventualmente, representá-lo em atos, como o que participei, a convite do então ministro Tarso Genro, na conferência nacional da OAB realizada em Natal, no Rio Grande do Norte”.

Hoje faz parte da executiva estadual do PDT do Rio Grande do Sul, onde mora, e do Diretório Nacional do PDT, além de ser suplente de senador. “Sei que existe um legado trabalhista tocado por personagens como Alberto Pasqualini; e o de Jango e suas reformas de base que também fazem parte”, argumentou Christopher, frisando que “nós, integrantes do PDT, temos que seguir esta caminhada”.

Concluindo, Christopher disse que Jango – por ser um homem à frente de seu tempo e com elevada e grande sensibilidade social – causava medo aos poderosos da época. “Meu avô era um gigante tão grande que os militares, com medo da reação do povo, no primeiro momento não quiseram permitir que nem morto Jango voltasse ao Brasil’. Até o seu último dia de vida, acrescentou, Jango sonhou com um Brasil mais justo e fraterno.

“Jango morreu idealista e sonhador. E nós precisamos de sonhadores no Brasil e no PDT”, concluiu Christopher.

Confira a entrevista completa abaixo: