Diretório Estadual do Rio Grande do Sul

AMAZONIA 2

Autor: Carlos Petersen

Do Movimento Autenticidade Trabalhista

A idéia de inclusão da Amazônia no Programa Partidário surgiu em reuniões e debates do Movimento Autenticidade Trabalhista, MAT, tendo como grande incentivador o companheiro Orion Cabral, incumbência para a qual, numa primeira visão fomos escalados. Para execução da tarefa, efetuamos leituras e estudos diversos atinentes a matéria. Dentre tantos queremos ressaltar por seu inequívoco valor o “LIVRO de OURO da AMAZÔNIA” de João Meirelles Filho, com conteúdo e ensinamentos lapidares, que amiúde, estaremos incluindo, neste trabalho, mesmo porque a descrição física da região amazônica e sua problemática dali foram, em sua totalidade, extraídas. É ela uma Floresta Tropical.

Quando nos referimos a Florestas Tropicais, pensamos no conjunto de ecoregiões, de cobertura florestal entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio e, presentes na America do Sul, África, Ásia e Oceania. Há dois mil anos ocupavam 12% da superfície terrestre (16 milhões de km quadrados), hoje reduzidos para cerca de 9% da superfície da Terra. A gravidade do fato é que a quase totalidade do desmatamento ocorreu após a Segunda Guerra, ou seja, nos últimos 50 anos. Do que resta, 9 milhões de quilômetros quadrados, seis estão na America Latina. No mundo 37 países possuem florestas tropicais e o Brasil detêm mais de 1/3 de seu total com cerca de 3,64 milhões de km quadrados.

Infelizmente, também somos campeões mundiais em desmatamento, superiores já a 650 mil km. quadrados, cerca de 20% do total da Amazônia brasileira. A Amazônia se constitui no maior conjunto continuo de florestas tropicais do planeta.

No estudo Biodiversidade da Amazônia Brasileira, que considera para a Amazônia continental uma superfície de 7milhões de km quadrados, visualiza, também, o livro que mais de 12% desta área, já foi devastada.

A Amazônia brasileira pode ser classificada de três maneiras: como a Amazônia Biológica, correspondente a seu domínio ecológico; como Região Norte, segundo conceito da divisão política do Brasil (Rondônia, Amazonas, Roraima, Para, Amapá, Acre e Tocantins) e; como Amazônia Legal, conceito criado pela Constituição e, que abrange, alem dos estados da Região Norte, faixas dos estados do Mato Grosso, Goiás, e Maranhão, o que representa 59% do território nacional. Na Amazônia Biológica vivem cerca de 21 milhões de brasileiros, incluído populações indígenas.

A Amazônia é vital ao equilíbrio climático do planeta, atuando como regulador. Intervenções mal planejadas ou não planejadas provocam alterações ambientais em escala mundial. Seu clima apresenta variações consideráveis, existindo regiões com baixa umidade relativa do ar e outras superumidas, onde, praticamente não existe estação seca.

A extraordinária quantidade de chuvas faz da Amazônia a maior bacia hidrográfica da terra. Estas, todavia não estão distribuídas com uniformidade, quer em termos de bacia ou de período.

Por se tratar de floresta, extremamente, fechada, as folhas absorvem 25% do cubo meteórico tombado. Em função do calor, uma parte retorna em forma de vapor a atmosfera e, o restante chega, lentamente, ao solo. A quantidade de ar que chega a atmosfera equivale à metade que as chuvas despejam sobre a floresta, a outra metade provem do Oceano Atlântico em forma de vapor, isto significa que a floresta interage com o ambiente na produção de chuvas. Este ciclo se renova, constantemente, isto, permite explicar a alta umidade do ar e a pouca ocorrência de secas, nos períodos sem chuvas. Na altura do chão a umidade esta no geral em torno de 80 a 100%. Este constante vapor faz com que mais de 100 bilhões de toneladas de água permaneçam sobre a Amazônia. Não importa a intensidade das chuvas, se torrenciais, com volumes imensos desabando em restritas unidades de tempo ou lentas e prolongadas, seu efeito sobre o solo é o mesmo, face a enorme camada protetora que representa a floresta. O impacto de chuvas torrenciais sobre o solo é incrivelmente multiplicador, imagine-se seu efeito erosivo se inexistisse a camada florestal protetora.

Na Amazônia ocorrem os maiores índices de chuva anual do continente americano. O desmatamento incontrolado alem, de alterar, violentamente estes índices, fará com que elas cheguem violentas e, excessivas ao solo, causando terríveis erosões e cheias incontroláveis.

Outro fator importante de uma floresta esta na sua capacidade de reter carbono, retirada esta, esvai-se a capacidade de retenção o que aumenta de forma violenta sua presença na atmosfera com imediato reflexo no aquecimento global.

As florestas temperadas extraem, quase a totalidade de seus nutrientes do solo, contrariamente, nas florestas tropicais mais de 75% são extraídos da biomassa vegetal, 17% nas camadas de folha apodrecendo nas superfícies e tão somente 8% provem do solo. Por isto os vegetais de florestas tropicais lançam muitas raízes, folhas e galhos na busca dos nutrientes indispensáveis ao seu crescimento. Esta a explicação do porque as florestas tropicais sofrem de maneira muito mais acentuada com o desmatamento.

Quando ocorre o desmatamento, o solo se expõe as chuvas e altas temperaturas, aumentando seu endurecimento, diminuindo sua capacidade de absorção, a água passa a rolar sobre o mesmo aumentando-lhe a erosão, causadoras de cheias e, a incidência direta da luz solar destrói sua camada orgânica.

As florestas tropicais formam o mais complexo domínio ecológico e o mais promissor, contudo os menos conhecidos e os mais susceptíveis a má utilização. A mata de terra firme apresenta quatro andares de formação (Extratos):

O primeiro andar é o sub bosque, que chega ao chão, onde há plantas rasteiras, como samambaias e folhagens.

O segundo andar é o arbóreo inferior, entre 5 e 20 metros, com arvores adultas e de troncos finos ou aquelas, ainda jovens que buscam os extratos superiores

O terceiro andar é a abobada foliar, com arvores entre 20 e 35 metros, onde disputam um lugar ao sol. É o andar das arvores em compasso de espera que aguardam a chance de maior luminosidade para se desenvolverem

O quarto andar é a canopia ou dossel, no qual as arvores atingem 55 ou mais metros.

Os cipós e lhanas, algas, musgos, cogumelos, liquens e fungos estão presentes em todos os andares.

A canópia ou dossel é na verdade a parte mais desconhecida das florestas tropicais, isto porque os cientistas têm dificuldades de coletar plantas e animais a mais de 10 metros de altura. Sabe-se, hoje, que mais de 2/3 de todas as espécies vegetais e animais vivem a mais de 10 metros. A canópia produz 80% de toda comida indispensável à integração vital de toda floresta.

Na canópia boa parte das arvores é recoberta por orquídeas, samambaias, bromélias, cactos, etc. Este tapete verde é excelente mecanismo para a captura de microorganismo e elementos químicos a partir da água das chuvas. Na canopia ha grande quantidade de animais superiores, pássaros, macacos, roedores, muitos dos quais, jamais descem ao nível do solo.

Mudanças climáticas afetarão primeiramente a canópia, onde se acredita esta a maior biodiversidade do globo. Para João Meirelles Filho, as grandes ameaças a Amazônia são: a pecuária extensiva, soja, exploração predatória da madeira, o modelo fundiário, narcotráfico e guerrilha, a trafico de animais e plantas, caça predatória, grandes obras, como estradas e hidroelétricas, o garimpo e a pesca predatória. Analisa, ainda, as vocações amazônicas e seus enormes benefícios para a humanidade. São elas os serviços ambientais; tais como preservação climática e absorção do dióxido de carbono; a água; os minerais; produção do solo; energia das plantas; farmacologia; madeira; produtos florestais não madeireiro; alimentos vegetais; artesanato; a aqüicultura e pesca de sobrevivência; ecoturismo e estudos do meio.

 

Este rápido e parcial resumo do “Livro de Ouro da Amazônia”, estabelece, sem duvidas a imensa responsabilidade que cabe a nos, brasileiros, na preservação deste patrimônio biológico, indispensável ao próprio equilíbrio dos mais diversos ecossistemas do mundo.

Mesmo, agora, com o aquecimento global nos atemorizando, já se vislumbram e se acentuam movimentos de internacionalização da região amazônica, como forma, mas não, a única de evitar o desequilíbrio ecológico mundial que se insinua com tanto vigor.

No Brasil e como nosso Partido se identifica com os sagrados princípios de defesa de nossa integridade territorial e com os postulados de preservação da qualidade de vida nacional, indispensável se faz que a maior atenção seja devotada a esta finalidade a qual deve ser integralmente absorvida em nosso Programa Partidário.

Não esqueçamos que só na Amazônia brasileira, vivem cerca de 21milhões de seres humanos. Inclusos os indígenas e, que qualquer programa precisa encarar sua existência, não como fardo, mas com o extraordinário potencial de trabalho que representam.

Primeiramente podemos estabelecer uma meta exclusiva para a Amazônia brasileira ou ate mesmo buscar desde logo a integração com os demais oito países que a compõem, a saber: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.

Para tanto, em primeiro lugar o Programa devera respeitar e ressaltar as vocações amazônicas, e debelar os males que a deterioram (principalmente, desmatamentos e queimadas) criando em seu entorno um anel de alta tecnologia, voltado a seu estudo e desenvolvimento, exemplo todas as faculdades de biociências e química, laboratórios para estudo amplo e aproveitamento racional da fauna e flora. Tais estruturas se localizariam em núcleos existentes ou ao criar a necessidade de novos que respeitados sejam os princípios normativos de proteção a floresta. Em torno dos núcleos a formatação de área reservadas a agricultura e pesca de sobrevivência. A criação de hotéis voltados ao turismo nacional e internacional em moldes de preservação ambiental. Finalmente, de onde virão os recursos? Foquemos mais um, com pequena adaptação parágrafo do Livro de Ouro da Amazônia:

“Os recursos financeiros, o apoio técnico, o apoio em capacitação, todos estes virão no momento em que o Brasil tomar o rumo certo em relação à Amazônia. O mundo respeitara o Brasil quando este tiver a coragem de substituir, por decisão própria, o Planeta Soja, o Planeta Carne, e o Planeta Fronteira pioneira pelo Planeta terra. Esta será a melhor resposta do pais a ambição nacional e internacional para transformar suas riquezas nacionais em dinheiro fácil e rápido. Certamente, nesta ocasião ninguém ousara dizer que a Amazônia precisa ser internacionalizada, que cuidamos mal da Amazônia.”